Uma história de Mar-Me-Quer ou de Bem-Me-Quer?
Assim foi a intervenção urbana na Estação da Calçada que aconteceu agora a pouco, dentro do trem. Na noite de ontem tivemos uma extensa conversa, desde os problemas com a montagem do Mar Me Quer até as relações com A Outra Companhia - integrantes x integrantes x Vila x tudo!
O fato é que não ensaiamos o que seria apresentado na Calçada, ou melhor, não chegamos nem a rascunhar o que poderia acontecer lá no trem.
Da noite de ontem, saimos com a resposta de que somente Junior e Eddy fariam a intervenção. Buranga não poderia naquele horário por conta do trabalho, Indaiá teve plantão no dia, Manuela tinha trabalho final da faculdade para apresentar e Jeferson na noite de ontem passou a ser amigo do grupo, e não mais um "outro" (doloridamente...).
Daí, com os dois atores que conheço bem e sei como futucá-los, trouxe um jogo que era o Mar-Me-quer ou Bem-Me-Quer. Junior era o Zeca e Eddy a Luarmina. Numa placa estavam escritas estas duas coisas, cada uma num lado. E num balde estariam papéis com os nomes dos personagens escritos. Cada um dos atores teria um banco e só. Dentro do trem em movimento iniciamos a brincadeira: Eddy ficou com o balde e Junior com a placa, a cada palma eles deveriam trocar de lugar, passando entre as pessoas, quem chegasse no balde deveria jogar pra cima uma quantidade de papel e pegar um, o nome que tivesse seria o personagem que junto estraia na história contada aos passageiros do trem. E quem chegasse na placa deveria contar uma historia de acordo com o que estivesse escrito do lado da placa (Bem-Me-Quer: uma história feliz, alegre... Mar-Me-Quer: uma história triste, saudosista...).
Isso, os atores só souberam na hora de entrar no trem, até lá ninguém sabia o que aconteceria. Eddy era só contando piadas e histórias par descontrair a tensão... toda hora falava: "ninguém sabe o que vai fazer, o diretor não disse nada".
Nos primeiros momentos, foi lindo, cada um no seu canto contando as histórias e o povo atento, até na primeira troca, tudo embolou e ficou mais lindo ainda, ali eles encontraram o eixo, juntos um queria contar mais histórias que o outro. E o lance foi: Zeca pra conquistar Luarmina tinha que lhe contar uma história verdadeira e todas as que ele contava, ela dizia que era mentira. Na disputa pela verdade, rolou ciúme, dança com passageiros, gente que conhecia Agualberto, histórias absurdas e engraçadíssimas que nem a gente aguentava e caía no riso. Tanto que a viagem de ida passou tão rápido que nem sentimos, já a volta viemos curtindo as paisagens já noturnando e os sons dos ferros do veículo que rapidinho cruza da Calçada a Paripe.
Para muita gente do Trem, aquele foi um momento de descontração e magia, gente que voltava do trabalho pra casa, gente que tava passeando, gente que pegava o trem pela primeira vez (como eu!). Interação múltipla. Vontade de fazer mais coisas naquele trem.
Carnaval já bate a porta, e é hora de parar um pouco o processo pra vivenciar outros... recarregar as energias... refletir... e voltar com mais garra pra fechar esse ciclo de criações e intervenções! Simbora! Axé pra todos nós!
Luiz Antônio Jr.
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