quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Terminaram as oficinas!
Postado por A Outra Companhia de Teatro às 11:04 0 comentários
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quarta-feira, 24 de março de 2010
Começaram as oficinas!
Postado por R. Junior às 01:28 0 comentários
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quinta-feira, 18 de março de 2010
A mulher esqueleto
Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes. Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado de sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada. O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em quê! - nos ossos das costelas da Mulher-esqueleto. O pescador pensou: "Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!" Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar.E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas. O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calva surgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava, já havia chegado à superfície e caía suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos. - Agh! - gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte. - Agh! - berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado pois ela parecia estar de pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia. Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás. Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas. - Aaaaaaaaaaaaggggggghhhhh!- uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saía correndo agarrado à vara de pescar. E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso à linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou. Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks. O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço de peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou-se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro. Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é graças a Raven, é, e também à todo-generosa Sedna, em segurança, afinal. Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela - aquilo - jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro, um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um quê de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar. - Oh, na, na, na. - Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos. - oh, na, na, na. - Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano. Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira de sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra - não tinha coragem - para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos. O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando. Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem. A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima à luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo, e pôs a boca junto à lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu, bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos. Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homem que dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte. Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm! Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta. - Carne, carne, carne! Carne, carne, carne! - E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne. Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas. Ela cantou pra ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficiente para se enrolarem e dar calor, e todas as coisas que as mulheres precisam. Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormia e se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram, abraçados uma ao outro, enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro. As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d ' água. As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.
Postado por A Outra Companhia de Teatro às 21:54 0 comentários
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Da difícil arte de desconstruir o corpo...
"Como queria ter podido fazer este trabalho antes em minha vida".
Foi o que ficou em minha cabeça ontem após nosso primeiro dia de trabalho com Fábio Vidal.
Eu que já era admirador do trabalho dele como ator, fiquei super feliz em tê-lo conosco trabalhando e mais feliz ainda pelo foco do trabalho que ele está desenvolvendo. Mais do que a tarefa de construir partituras, estruturas que podem ou não ser aproveitadas no processo mesmo de montagem, a grande labor está em desconstruir nossos corpos, que adquiriram um conforto nesses seis anos de atividades d'A Outra Companhia.
Criamos personagens solidificados e que se repetem no nosso processo criativo, cacuetes, manhas, muletas que estávamos acostumados a nos amparar, e Fábio, chegou como um furacão (não pensem com isso que ele é agressivo, muito pelo contrário) abalando nossas estruturas e nos apresentando possibilidades, e "destreinando" nossos corpos para instituir uma disciplina. E nesse aspecto, vale ressaltar a paciência e o bom humor dele ao fazer isso. É mesmo um trabalho mais do que de artesão, mas de oleiro. Com muito cuidado ele vai remodelando nossos corpos e, consequentemente, nos remodelando como atores. Esse trabalho tem nos proporcionado um ferramenta valiosa.
Estou muito feliz com esse trabalho e muito confiante na equipe. A cada dia vejo que faremos um lindo espetáculo.
Postado por R. Junior às 01:08 0 comentários
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quarta-feira, 17 de março de 2010
A delícia de ter Fabinho nesse Mar...
Postado por Anônimo às 19:53 0 comentários
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Oficinas Mar Me Quer
Postado por Manu Santiago às 15:34 0 comentários
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quarta-feira, 10 de março de 2010
Na correria, mas o trabalho continua!
Postado por A Outra Companhia de Teatro às 18:00 0 comentários
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quarta-feira, 3 de março de 2010
Descrição dos personagens
Senhoras e senhores, nas postagens abaixo vocês podem ver a descrição (atual) dos personagens da peça Mar Me Quer. Três deles constam na peça de Mia Couto: Zeca Perpétuo, Luarmina e Avô Celestiano. A personagem Dor D'Alma também faz parte da peça, mas é apenas citada e não tem esse nome. O batismo, tanto dela quanto de Mariavilhosa, vem de nomes que Mia utiliza em outras peças. Mariavilhosa é criação d'A Outra mesmo.
Postado por Hayaldo Copque às 14:22 5 comentários
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Zeca Perpétuo (R. Junior)
Postado por Hayaldo Copque às 14:18 0 comentários
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Luarmina (Eddy Veríssimo)
Postado por Hayaldo Copque às 14:18 0 comentários
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Avô Celestiano (Luiz Buranga)
Postado por Hayaldo Copque às 14:17 0 comentários
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Dor D'Alma (Manu Santiago)
Postado por Hayaldo Copque às 14:17 0 comentários
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Mariavilhosa Pistola (Indaiá Oliveira)
Postado por Hayaldo Copque às 14:16 0 comentários
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terça-feira, 2 de março de 2010
A Dança
Confesso: não comentei sobre a intervenção no Solar Boa Vista porque a única coisa da qual gostei foi poder voltar a pé pra casa (e talvez esse comentário seja duro demais). Mas faço questão de falar sobre a intervenção na Biblioteca Pública no último domingo. Fechamos com chave de ouro. Adorei a alegria exposta no Palacete das Artes, mas a Biblioteca foi...
Conquistadores esses atores e atrizes. Era visível, ainda que em alguns mais do que em outros, que havia uma amarração do ambiente de seus respectivos personagens, até mesmo nos que nem constam na trama de Mia Couto, como a Mariavilhosa de Indaiá. E agora, enquanto ouço o jazz ritmado de Diana Krall e meu corpo dança na cadeira, associo essa dança ao que foi visto na Biblioteca. Desde Indaiá até Eddy, a coisa fluiu como uma dança e eu via aquelas pessoas como parte de um lugarejo fantástico como a Macondo de Gabriel García Marquez. Agora é preparar-se para uma nova etapa. Sempre na dança, seja ela qual for, contanto que seja contagiante.
***
P.S. ou Coincidência do escrito: A música que estava ouvindo interpretada pela Diana Krall, chama-se "Devil may care". Quem puder, olha a tradução. Tem algo a ver com a peça de Mia Couto?
http://letras.terra.com.br/diana-krall/95798/traducao.html
Postado por Hayaldo Copque às 16:41 0 comentários
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No Ádrio Da Biblioteca
Muitos liam palavras,outros ouviam palavras que se juntavam para formar uma história, de quem? De que? Ah entendi. Você é um mediador disse -me um senhor de pálpedras pesadas e olheiras escuras. Aquele domingo à tarde, a lezeira depois do almoço pesado. E assim foi a última performance na biblioteca central dos barris. Depois de várias chegou ao fim hoje. Passamos pelo passeio público, no mam, no palacete das artes, no trem, e no solar boa vista. O tempo foi curto porque tinha um horário para fechar. Cada um fez seu solo. Foi maneiro. Eu fiz um velho, o avô . Um homem veio até a mim e mim perguntou se eu era um intermediador? Eu disse que tentava buscar os dois lado. Ele me disse que eu tinha que ter muito cuidado, nao me doar, pra eu ficar sempre consciente. Porque o que eu tava fazendo era muito perigoso que abria. Me perguntou se eu assisti Poltergeist? Troquei de roupa ,e não vi o velho mais Isso foi na tarde de domingo do dia 28 de fevereiro de 2010. Buranga.
Postado por A Outra Companhia de Teatro às 14:21 1 comentários
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segunda-feira, 1 de março de 2010
No Solar Da Boa Vista
Nome bonito para um lugar tão mal cuidado. Cadê o povo? Ah tem gente. A casa do poeta estava logo ali ao lado,magestosa,toda imponente dizendo quer aqui viveu um homem de palavras livre.Na frente do teatro pessoas passavam para ver o que era aquilo,oque acontecia.No ritimo das cirandas as performances se desenvolviam para os olhares mais discretos. Foi muito bom quando o diretor fazia sinal para os atores finalizarem as cenas, e eu claro fingindo que não via nada para dar prosseguimento a cena que tava tão boa só eu e Eddy. Terça feira verão quente de Salvador do dia 23/02/2010 Buranga
Postado por A Outra Companhia de Teatro às 18:26 0 comentários
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...e no "fim da linha" encontrei um mapa...
Ontem realizamos na Biblioteca Central nossa última instalação dessa primeira etapa do processo de montagem de Mar Me Quer.
Postado por R. Junior às 17:38 0 comentários
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