terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Equipe Reunida


O ano está acabando, mas o trabalho não pára!

Na semana passada, nos reunimos (eu e elenco) para discutir sobre o texto tentando fatiá-lo em 06 zonas temáticas que irão guiar a construção das instalações urbanas que acontecerão nos meses de janeiro e fevereiro em 06 espaços de Salvador: Passeio Público (Avenida Sete de Setembro), MAM - Museu de Arte Moderna (Avenida Contorno), Palacete das Artes (Graça), Estação da Calçada (Calçada), Solar Boa Vista (Brotas) e Biblioteca Central (Barris).

Sensações psico-físicas, textos, poesias, músicas, estruturas coreográficas, ambiente sonoro, metáforas corporais, jogo cênico, hipérbole dramática, imagens, fotografias, vídeos, luz, tecidos... tudo poderá acontecer nessas instalações que pretendem vir a ser laboratórios criativos para o elenco compor os personagens que contarão a história do Mar Me Quer, de Mia Couto. Dividimos o texto nos seguintes temas: religiosidade, mulher, mar, histórias de pescador, memória e tempo. Daí, é surpresa o que acontecerá. Só conferindo as performances, que terão, cada qual, uma costura dramatúrgica particular.


E a equipe de produção já começa a meter a mão na massa. Hoje, ás vésperas dos festejos natalinos, nos reunimos para definir estratégias de ação, estabelecermos metas e dividirmos as atividades. Muita coisa a fazer! Simbora!!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

vasculhando na internet achei...

Mar Me Quer

João Afonso

Composição: João Afonso Lima

O Mar me quer, eu sou feliz só por preguiça
deixei escapar a maré, adormecido
Zeca Perpétuo, sou reformado do mar
tenho juízo de mamba pelo seu olhar

Mar me quer, bem me quer
cantochão de luarmina
o coração é uma praia
diz Celestiano à menina

Mar me quer, bem me quer
com olhos de tubarão
meu avô falava certo
quem demora tem razão

Todas as noites despetalou flores a mulata
Dona Luarmina, minha vizinha
logo de manhã passa sonhos pelo rosto
atrasa a ruga, impede o tempo

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

pensamentos de pensamentosos

"os olhos de quem amamos são um barco"
Mia Couto

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Frestas de Mar I


Sempre que ando por Salvador fico encantado com a geografia da cidade. Tenho a sorte de ter contato com mar todos os dias. Se saio caminhando para o trabalho, passo por uma vista do mar. Se pego um ônibus, passo por um pedaço da orla. Se saiu de carro, mesmo de longe vejo a cor azul do mar.

Esta capital baiana cheia de cores, de misturas, de cheiros, de fé e de história, realmente é muito abençoada. Localizada na Baía de Todos os Santos, o mar lhe banha quase inteiramente.

E como o mar é o nosso grande objeto de estudo nesse processo criativo, laço imagens e recortes da coleção de fotografias Frestas do Mar, que eu venho tirando nessas minhas andanças pela capital baiana.

Luiz Antônio Jr.

nas entranhas do Mar...

Começamos ontem a noite a desbravar o Mar Me Quer. Sentados na Sala João Augusto (Eu, Juninho, Buranga, Eddy, Jeferson, Manu e Lore) fomos lendo o texto, tentando identificar as imagens, os horizontes temáticos, as sensações e confusões da obra.

Muitas coisas surgiram: lembrança, memória, mar, pássaro, plumas, mulher, amar, histórias... e principalmente a indagação: qual é a linha de fronteira entre a verdade e a mentira? Em determinado momento um dos personagens afirma: "há desses fatos que só são verdadeiros depois de serem inventados". Foi nesse momento que a roda girou 720º e embaralhou nossas idéias...

Percebemos que o texto pouco se fecha, pouco afirma e veredita as coisas. Tudo é lançado ao mar... me dá uma sensação de: "cada um acredita no que lhe convém". Como são as famosas histórias de pescador, quem conta afirma ser verdade, e a riqueza de detalhes nos faz embarcar na viagem, a ponto de nos deixar em dúvida: isso aconteceu mesmo? Quem poderá nos garantir? Assim como as histórias de Eddy, de quando seu papai pescava... "a do relógio de seu irmão que se perdeu no mar e dias depois foi encontrado por um amigo de papai que do Rio Vermelho gritou 'achei o relógio de seu filho' e papai ouviu lá do Subúrbio" ou a "do casco de siri que fez uma banheira onde uma criança pode se banhar" ou ainda a clássica "da pititinga de 30 quilos que papai pescou"... Quem pode dizer que é verdade ou mentira?!

Não estou dizendo que a história contada no Mar Me Quer é uma mentira, embora seja uma fantasia! Mas talvez nas entrelinhas do Mar esteja uma reflexão sobre a verdade das coisas ditas ao outro... será?

Luiz Antônio Jr.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De cabeça nesse Mar


Hoje pela manhã nos reunimos Eu, Junior, Eddy e Manu para definirmos datas, organizarmos cronograma, estabelecermos metas, convocar equipe, e juntos entramos de cabeça nesse Mar.


Depois de uma maratona de apresentações, de ensaios, de trabalhos de produção e captação, finalmente nos encontramos com tempo para fecharmos o nosso calendário para o ano de 2010, ou pelo menos, para o primeiro semestre (risos)!

Até então, estávamos todos namorando e nos enrolando com o Mar, até que hoje casamos e engravidamos desse novo filho que estreará provavelmente no mês de maio de 2010, aqui no Teatro Vila Velha - onde residimos.

No mês de novembro desse ano, fizemos uma leitura da adaptação dramática de Mar Me Quer, feita por Mia Couto e Luiza Natália. Em meio as árvores de Passeio Público, estendemos nossa lona, colocamos algumas almofadas para o público que veio e ali, ao ar livre, com instrumentos improvisados, o texto foi lido. Tranquilidade - essa foi a palavra de ordem daquela demonstração pública. A poesia de Mia ganhavam corpo e voz embalados numa cama sonora composta e executada pelos atores ao vivo.

Naquele momento, entramos no Mar e nos apaixonamos. Naquele espaço, as palavras-imagens de couto ganharam vida e luz. Naquele tempo, encontramos o Avô Celestiano, a Luarmina e o Zeca Perpétuo, tão vivos, tão puros e tão reais quanto o pôr-do-sol na Baía de Todos os Santos.

Luiz Antônio Jr.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

MAR ABERTO

Enfim, dou início a esta série de publicações sobre o processo de criação, construção, adaptação e montagem do MAR ME QUER, espetáculo inspirado na obra homônima do moçambicano Mia Couto.

Entrei em contato com a obra de Mia ainda no ano passado, quando através da Coleção Cena Lusófona pude ler alguns textos dramáticos, muitos deles de países africanos. Foi nessa ocasião que me envolvi com o texto "A Vala Comum", de José Mena Abrantes (Angola), e iniciei o processo de montagem junto com A Outra Companhia e alguns outros convidados. Passado um tempo, retorno a coleção e desta vez o Mar de Mia me fez brilhar os olhos a ponto de querer me entregar e me afogar em suas águas cheias de poesia, cor e imagens.

Daí, então, não parei de pesquisar sobre a literatura desse autor incrível que reforma e transforma as palavras fazendo malabares com a Língua Portuguesa criando formas de expressão extremamente imagéticas e até mesmo sensoriais. Foi quando por ocasião das coordenadas do destino propus A Outra Companhia montarmos um espetáculo baseado no Mar Me Quer, enredado nas cirandas e rodas do nosso povo nordestino e arrematado com as histórias de pescadores daqui de nossa redondeza: as comunidades de Paripe, do Rio Vermelho, da Ilha de Itaparica, de Itapuã, da Ribeira...

Repleto de desejo e já cheio de idéias, inscrevi no Edital de Teatro da FUNARTE e eis que fomos comtemplados: Prêmio Myriam Muniz 2009 para pesquisa e montagem desse nosso mar que há tempos já o queremos.

Pois que seja, preparamos a embarcação, limpamos a praia, trouxemos convidados e içamos vela rumo a esse MAR que ME (nos) QUER!

Luiz Antônio Jr.

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